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domingo, março 30, 2008

Temas fracturantes, garanhões e audiências

O tópico de género pode tornar-se mais fracturante que o casamento entre homosexuais e a eutanásia em certas situações. Já o do aborto, como envolve questões de género torna-se explosivo em certos círculos onde o vale tudo prolifera, como é a net.
E isto por uma razão muito simples: quem não é mulher sabe que não estará nunca nessa situação de ser mulher e, por isso, acha-se livre de mandar bocarras. Não terão nunca problemas de coerência interna ou externa. Esses, os tais opinadores garanhões, sabem que, enquanto machos, dominam a atmosfera por tudo quanto é lado e insultam na blogoesfera assim que podem e para desopilar, sobretudo quando o interlocutor é mulher, entre homens é vê-los a trocar salamaleques, quase numa de bichices, sobretudo se sabem que o poder argumentativo do interlocutor chega e sobra para eles ou a audiência do mesmo lhe dá uma autoridade que nunca poderão disputar. Quando discordam com as mulheres, passam directamente ao insulto à pessoa, distorcendo o pensamento alheio numa demonstração quase obscena de que não precisam de esgrimir argumentos, basta insultar que elas retiram-se da lida, o que é verdade na maior parte dos casos. Mas face ao macho alfa de certos blogs , é vê-los, os tais garanhões campeões do insulto mais ou menos aberto às autoras ou comentadoras, é vê-los mansinhos, em posição de submissão, argumentando quase a medo, e esperando as boas graças do autor invejado e as migalhas de audiência....
E muito mais não vale a pena dizer, mas é facto que não é só in vino veritas, é também in internet veritas e às vezes é as duas coisas, uma vez que não sabemos se o combustível do insultador frustrado é sumo de limão, ice tea ou whiskey... ou chá de cidreira, claro está.... Assumo desde já a minha frustração, é frustrante , pois é, sentir a inutilidade da argumentação com cérebros tão pequeninos, que se julgam detentores de todos os dados e poder de análise, é triste a incomunicação com pessoas que na atmosfera (porque aí dominam e enquanto dominarem) até são polidas, ou seja, parecem.
Estas são a minhas impressões -sob a minha lente claro está- e é por demais evidente que eles não têm lente, eles são directamente iluminados por Deus, a Matéria, a Ideia, a Natureza, ou Alah conforme o caso.
Por dizer destas e doutras, este blog mantém-se fraquinho de audiência.
Talvez o transforme em livrinho, um dia destes.

segunda-feira, novembro 26, 2007

Gatos (fedorentos) como nós

Quando se usa um estereótipo e não é clara a desconstrução do mesmo, o resultado é o seu reforço. Infelizmente, os quatro gatos não conseguem deixar de marcar bem a sua qualidade de 4 gatos machos. Sente-se alguma misoginia mas pode ser ideia minha, deixo-lhes o benefício da dúvida. Mas esperava melhor, bem melhor, no capítulo da crítica aos estereótipos de toda a qualidade que veiculam sem saber ou sabendo até instrumentalizam para a audiência subir e o público aderir sem saber a quê : entre cá e lá, os gatos mostram unhas ao poder político mas esquecem que este se baseia em outros poderes disseminados, dos quais o marcado pelo género não é o menos nocivo- insisto neste ponto, é deprimente ver a mancha de fatos negros que alegre e mais ou menos alarvemente nos governa. E quem veste os gatos não recebeu ordens fora do padrão. Estará o leitor crítico a pensar nas brilhantes ministras? Se atentarmos nos conselheiros delas talvez esse contra-argumento me não destrua o raciocínio, embora ache que cada ministro deva ser responsável pelas escolhas dos seus conselheiros e por toda a medida tomada pelo seu ministério e também ache que nada há, à partida, de superior, na gestão feminina. Mas esta monocromia de género há-de ter as suas consequências e efeitos secundários nefastos: nisto decerto concordarão comigo os menos defensores do feminismo...

terça-feira, julho 24, 2007

Dizer umas coisas

O desporto favorito no cantinho é dizer coisas sobre algo de que se não sabe. Tirar conclusões sobre aquilo que nunca se fez nem se corre o risco de vir a fazer. Por isso há muitos que recitam recomendações e fazem receitas sobre a forma de gerir isto ou aquilo. Não se documentam, não vale a pena, para quê? Este desporto é praticado na sua esmagadora maioria por machos. Calados é que eles não conseguem ficar. As mulheres deixam-nos falar, julgam ,na sua maioria, que se livram de chatices, deixando-os perorar e decidir. Também sabem elas, o que retira muitas da cena pública, que eles, quando lhes falha o argumento, passam ao insulto mais ou menos subtil, mais ou menos alvar. Esses doutos senhores nunca falam do que salta à vista: a progressiva ausência de mulheres no poder, nos media, et pour cause. O cantinho está a parecer-se cada vez mais com os países em que o estatuto da mulher é nada. Até sobre o aborto são eles que falam, são eles que decidem.

domingo, maio 06, 2007

Questões de género no dia da mãe

Apesar de tudo é ainda a blogoesfera o espaço onde cada um, mulher ou homem, pode dizer. Dizer. Não interessa o quê. Mas as mulheres aí não têm que esperar pelo que pensa o marido. Elas dizem.
Normalmente não há sensibilidade disseminada para as questões de género. As mulheres normalmente são as últimas a fazer a estatística de género de uma sala de reuniões. Sobretudo as da geração da revolução, habituaram-se a ver o mundo por uma lente ideológica em que há pessoas antes de haver homens ou mulheres, e nem reparam no que entra pelos olhos dentro a passo e força de retro-escavadora: as manchas de fatos negros em todo o lado, por todo o lado neste país que se diz europeu. Por exemplo, a reunião das entidades não sei de quê do Oeste, em defesa da Ota e lá estavam eles, todos de gravata, todos dizendo coisas, decidindo coisas. Não é assim nos bancos das universidades, não é assim nos bancos das escolas secundárias: elas são escolarmente melhores que eles, e por isso também não é assim na função pública dos serviços de educação e saúde onde o acesso se faz por concurso documental: no entanto, nas estruturas de decisão lá estão ELES.
Eles tomam a palavra antes delas, eles não a largam tão cedo, mesmo que o que digam seja palha, seja pouco, seja nada. E eles são os primeiros a fazer a estatística, a lembrar a pertença de género quando se sentem em minoria e aí cheios de humor do mais original, dizem cá estou eu entre as mulheres e falam também eles em primeiro, eles em último, eles durante. E o tempo infinito que se perde com a retórica deles é acabrunhante.
Não, infelizmente, não sou feminista, digo infelizmente porque assim, como penso, estou sozinha, mas prefiro assim, a omitir parte do que penso. Já explico porquê. Não posso deixar de achar que elas fazem frequentemente um óptimo negócio. Eles que tenham as chatices, elas ficam sempre com a casa e a pensão de alimentos, para quê ainda estarem-se a preocupar muito com isto de, em todo o lado, serem eles a tomar todas as decisões, e as deixem em casa a tomar conta da prole e a ver a telenovela? E elas são melhores tecnicamente em muitas áreas, no entanto, são eles que apanham os lugares de decisão. Oh, pensam elas, venha o salariozinho de decisor para casa, e está-se bem. Eles tomam ainda conta do IRS e afins. Elas preferem não ser muito visíveis, até porque eles são tanto mais rudes quanto mais visíveis elas forem e lembrar-lhes-ão, mais cedo ou mais tarde, que são reles mulheres. Aconteceu com Manuela Ferreira Leite, com Lurdes Rodrigues, para citar alguns exemplos. Sobretudo com a última, não a vou defender, mas não gostei de algumas formas claramente sexistas com que foi atacada .
É isto que penso e por isso, acho que seria expulsa mais cedo ou mais tarde, como blasfema, de qualquer organização feminista.
Mas não deixo de pensar também que este estado de coisas tem consequências graves para o país. É que eles , coitados, são assim, e decidem 10 estádios para o país, pois atão...e agora a OTA pois atão... e faz-se tarde para ver a bola, meus senhores vai falar o Senhor Ministro de .... e o Sr Presidente de... e o Senhor Vereador de... o Senhor Presidente do Conselho de Administração de ......... e depois vamos todos ver a bola. E vão para casa pensando: e que bons que nós somos, que bem que eu falei, está no papo, agora é irreversível, somos mesmo bons nisto.
Talvez a blogoesfera ajude a combater este estado de coisas pois aí elas estão muito presentes e activas e talvez lhes venha o gosto pela visibilidade. É que aí podem calar os insultos à velocidade de um simples click.
Disse.

sexta-feira, novembro 17, 2006

Antena 1: só homens

Quem telefona nestas coisas de comentar entrevistas são sobretudo os machos. Algumas mulheres seria bom que não telefonassem entre a meia de leite e o almocinho do maridinho para destilarem um pouco mais o ódiozinho e a invejazinha daquilo que, no imaginário delas, são as abébias dos professores, revelando em directo como imaginam também que são as mentes tortuosas dos docentes e o cerne das suas preocupações e acções. Que entrevistas estão a ser comentadas? Da ministra sobre a greve dos alunos?
Não, as entrevistas que estão a ser discutidas são as de Santana e Cavaco. Não importa, no imaginário dessas pessoas é cristalinamente claro que os profs estão por trás da greve dos alunos e arranjam ainda tempo para conspirarem com o objectivo de conseguir que Cavaco e Sócrates deixem de ser amigos.
Concordo com a ouvinte : acho até que os professores também têm culpa de haver pessoas que telefonam a dizer aquelas coisas. São também eles os culpados da existência de um fenómeno chamado Santana.

terça-feira, julho 11, 2006

Quotas

Antena aberta: continua a não ser possível desligar o rádio ou mudar de estação. Masoquismo? Talvez.Muitas vozes são repetidas, muito reformado (em boa hora...) dizendo que os outros é que devem trabalhar até que a morte os separe da escravatura... mas o assunto hoje é "mulheres". "Eles" adoram dizer coisas sobre "elas". Às vezes para dizer bem, não sei mesmo qual dos conteúdos mais me irrita, se o paternalismo dos senhores que dizem bem das mulheres se o dos que temem a mudança e conhecem o problema da escassez de tachos, face à progressão (avassaladora para eles) das mulheres na obtenção de diplomas. A intervenção melhor do dia foi de uma mulher que conhece de ginjeira (de onde virá esta expressão...) os politiqueiros locais, habituada e já farta dos joguinhos da politiquice, das listazinhas já preparadinhas, quando é a hora de decidir democraticamente, descobre que já estava tudo escolhidinho previamente. Intervenções de fundo no parlamento são para os homens, algumas excepções salvaguardadas, claro, Ana Drago foi a nomeada.
De facto, digo eu, que tenho um blogue e não telefono à Eduarda, pois o resultado é o mesmo, o problema não reside em nada de especialmente atroz para as mulheres: elas, estatisticamente falando, talvez tenham menos tempo para construírem as suas redes de influências, mas algumas também o fazem, e vão longe, medíocres muitas (como muitos deles), nem na ambição são grandes, querem o tachinho, não tem que ser o tacho, elas são, também e infelizmente assim. Ser mulher não é vacina contra a pequenez, a estupidez, a mediocridade, a ambição desmedida, a trafulhice, o desrespeito pelas regras, a falta de ética, a cobardia: o gosto pelo tacho ou o medinho de perdê-lo, leva-os e leva-as a colocar nas lideranças quem os possa beneficiar, às vezes apenas com cheirinhos do tacho.
As panelas, usando um sinónimo para não repetir, essas vão escasseando e então eles e elas pensam numas leis que lhes facilitem a vida na triagem...será mais uma forma de calar algumas vozes (neste caso de alguns eles) menos em sintonia com as direcções partidárias: -"pois, ó pá tivemos que pôr uma mulher, por isso não ficaste em lugar elegível, desculpa lá, não foi nada pessoal, claro que tu eras melhor que ela, mas sempre se enfeita o parlamento de beldades...pois, é verdade, ela não pensa como tu, pensa mais como o cabeça de lista mas que é que queres, não há mulheres que pensem como tu, teve que ser assim..."
Pois claro que estou contra as quotas, o défice da democracia é de ética e não é possível fazer uma lei que obrigue a colocar nas listas por cada dois trafulhas, um honesto, por cada dois lambe-botas, um livre pensador...
Parece-vos discurso anti-parlamentar isto? É que é mesmo capaz de ser: a democracia precisa urgentemente de mecanismos de controle, ou ...não é democracia, é outra coisa, é o reino dos oportunistas, sobretudo quando a língua, as "autonomias locais várias" e os nacionalismos (pequeninos ou grandes) hipócritas continuam a proteger esses reinados contra os resultados da elevação pura e simples da fasquia por via da "livre concorrência"...tão apaniguada por esses mesmos oportunistas, nos discursinhos medíocres que fazem onde gostam de colocar também as expressões "mais valias", "sinergias" e "virtualidades"...