sexta-feira, novembro 30, 2007

Greve da Função Pública

Antena aberta: difícil suportar os telefonemas de cidadãos indignados com as greves "numa altura destas". Acham que o governo está muito bem. Pois já prevíamos, as sondagens reflectem isso mesmo, mostram que há cidadãos que já escolheram bodes expiatórios e aderiram em pleno ao discurso nazi de culpabilização de grupos sociais específicos. Nem comento o conteúdo mais particular desses telefonemas de gente muito pouco interessada em saber o que se passa realmente, o que está realmente em questão, sedentos do sangue dos outros, mesmo que desse sangue nem beneficiem em nada. A diabolização dos sindicatos parece continuar a ser o leitmotiv do governo da nação que pretende a todo o custo separar os funcionários dos seus representantes para tornar os primeiros completamente dependentes da entidade patronal-a administração e as chefias. Os definidores das linhas da propaganda já desistiram da estratégia de apontar o dedo acusador à classe inteira- que parece ainda não ter esquecido os insultos- agora o executivo parece ter focado a mira nos sindicatos. Vinte por centro de adesão, dizem os detentores do poder (o poder absoluto de decidir do quotidiano e das expectativas de mais de um milhão de pessoas, o que se faz aos funcionários públicos faz-se também às famílias que deles dependem, que com eles planeiam um futuro). Os sindicatos dizem 80%. A média daria 50%. Pelo que é dito nos media , a adesão parece superior a isso.
O governo que impediu por muitos anos (e possivelmente para sempre) a formação de consensos entre Portugueses sobre algumas reformas necessárias, passará sem qualquer responsabilização (das pessoas concretas que alarvemente insultaram cidadãos cumpridores da lei) nem mesmo a História os julgará, já que os historiadores são uma raça em extinção, não economicamente viável, tal como a cultura humanista mais exigente , o SNS universal, a igualdade de oportunidades no ensino através da educação pública de bom nível de exigência. Tudo não economicamente viável, tudo a extinguir, assim mandam os ventos da negociança e da alta finança dominantes nacional e globalmente: na outra margem intelectual, lentamente cresce uma reacção ainda surda ao alarvismo oco e para já muitos repugnante do discurso dito "tecnológico", "empresarial" e "moderno"... Também para muitos excluídos e oprimidos voltam a fazer sentido algumas teorias nas suas versões populares muito simplistas mas eficazes que se pensavam mortas e enterradas por obsolescência e que nasceram no século XIX a resistir ao capitalismo selvagem pré-keynesiano... adivinhem quais são...
Pela(s) boca(s) morre(m) o(s) peixe(s)... tanto o cherne como o chicharro(*).

Nota : o chicharro era o peixe que a minha avó comprava para o gato, era considerado não próprio para a mesa remediada. Nesse sentido o usamos no texto.

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