quarta-feira, outubro 31, 2007

Com licença, com licença, com rumo à estrela polar



Hoje é dia de todos os santos e os santos cada qual escolhe os da sua devoção. Esta é a canção de entre as do 25 de Abril preferida pela minha avó, que assistiu ao fim da monarquia, à república e seus sobressaltos, ao golpe fascista, a duas guerras mundiais devastadoras incluindo a gripe espanhola, ao drama familiar de enterrar um filho aos 12 anos com leucemia, e finalmente ao 25 de Abril quando avançava já na sétima década da sua longa vida. Santa é como eu me lembro dela no seu olhar límpido e sereno nuns olhos de um azul cristalino quase metafísico e no som da sua voz de anjo quando cantava outras canções vindas talvez do fundo do tempo ... Não preciso de esperar que o papa me diga quem são os santos e os mártires. Hoje o dia deles todos - de todas as margens, dia dos que tiveram uma vida exemplar porque corajosa, desinteressada e consistente com o que acreditaram, dos que foram vítimas de ódios e de ditaduras de todas as marcas e tamanhos. Aqui fica neste primeiro de Novembro, o mês em que partiu meu pai, esta canção de Abril como homenagem aos meus defuntos: sobretudo a minha avó que largou este mundo há cerca de vinte anos e a meu pai que saiu há dois. Aqui fica a homenagem aos dois e a todos os meus defuntos significativos através desta canção, viva hoje de novo na interpretação de um jovem cuja voz faz lembrar simultaneamente Adriano e Zeca e que soube captar o espírito da canção de resistência. Aqui fica também a força da esperança contra o medo- pois as forças da natureza nunca ninguém as venceu.

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