terça-feira, março 27, 2007

Virtudes da democracia IV

Só 8 pessoas presas por corrupção? Povo exemplar.

Desvaloriza-se na imprensa e na blogoesfera o estúpido concurso televisivo e acho que sim, é estúpido, mas não seria bom não reconhecer no resultado um sinal de mau agoiro. A impunidade do crime e da corrupção grassando alegremente em regimes democráticos está na base de quase todas as ditaduras que se apresentam saneadoras disto e daquilo... No entanto, e a meu ver, não há qualquer incompatibilidade entre democracia e repressão do crime seja ele qual for, incluíndo o económico que, aliás, raramente é só económico, trata-se precisamente da base da democracia a aplicação da lei a todos, sejam eles cidadãos comuns ou cidadãos poderosos.
Quem poderá ganhar com a desconfiança nas instituições? Como estamos na UE, todos acham que não há perigo de ditaduras, pois, mas Le Pen foi à segunda volta. Por cá a reentrada de Portas não assusta, o homem vem com um discurso moderado e ainda bem, mas sabemos como é bem capaz de fazer o outro também: não esquecerei as suas palavras pouco antes de se retirar, dizendo (parafraseando) que tinha estado a segurar os seus militantes, que tinham estado reféns do politicamente correcto... A frase fez-me pensar, lembro-me também que Portas não esclareceu, pelo menos naquele momento, o que queria dizer.
Quem tem projectos de intolerância é quem ganha com o excesso de tolerância das democracias. A situação actual é complexa e seria bom que alguém a estudasse. É que temos, em regime democrático, um governo com forte dose de intolerância política e com preocupações de limpeza, começando, está bem de ver, pela casa alheia (o caso U. Independente será único?) . Acontece que, simultaneamente a casos de indemnizações milionárias a compensar exonerações seguidas de renomeações muito estranhas, com ratificação ou mesmo por iniciativa governamental, em empresas onde o Estado está representado, há todo um discurso sobre limpeza e transparência, há anúncios de medidas a tomar contra a alta corrupção...

Seja como for, hoje, com os poucos dados que tenho (só das notícias daqui e dali, claro) e arriscando a ter que me corrigir um dia destes, devo dizer que não me parece nada má escolha o PGR actual. Parece que talvez O PGR e Morgado consigam alterar algo. Seja como for, resta a esperança.

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