quinta-feira, julho 05, 2007

Drama? Claro que não, que ideia

Também nos enganamos, pois, é normal, somos como qualquer profissional... -disse a Ordem dos Médicos a respeito das juntas médicas que deram como aptos para o trabalho pessoas doentes em fase terminal. Acha então isso senhor doutor? Já agora tire o sorriso afinfado que lhe fica muito mal.
Ok pensemos no que disse: um maquinista não vê o sinal vermelho, há um comboio parado na estação, ainda trava, dá-se colisão , morrem duas pessoas. Não há drama? Há drama há, morreram duas pessoas que não deviam ter morrido, no entanto, neste caso e não se imaginando acto intencional, chamamos-lhe acidente. Mas não deixa de haver investigação a ver se foi falha mecânica ou falha humana.
Não há drama? O que aqui não houve foi acidente, uma leucemia é uma doença que ninguém inventa, não tem remissão senão em casos de transplante bem sucedido. Dá anemia. Será que a senhora foi lá depois de um transfusão mostrando a cor do sangue passageiro? Foi por isso que se enganaram?Fizeram análises? Pediram análises? Leram os relatórios?
A ordem investigou alguma coisa? Vai investigar? Porque razão um maquinista a quem acontece uma desgraça tem que sofrer durante meses temendo pelo seu emprego até ao resultado da investigação e estes senhores não têm nunca que responder, estão na boa e possivelmente nem remorsos terão? Porque têm ordem que os defende em vez de os regulamentar e disciplinar como é também sua função? E o Estado ? Não levanta processo de averiguações? TAMBÉM ACHA QUE NÃO HÁ DRAMA?OU TEM MEDO QUE AS JUNTAS CONFESSEM QUE RECEBERAM ORDENS PARA NÃO DAR A REFORMA A NINGUÉM? Foi acidente? Um cancro em remissão que mata em meses? Acidente? Perderam o relatório? Alguém trocou os resultados dos exames? Isso seria acidente mas na dúvida pediam outros exames. Houve negligência intencional, houve crueldade, que resultou quem sabe na aceleração da degradação da saúde daquelas pessoas cujas condições de final de vida estiveram nas mãos deles, configurando-se homicídio, eutanásia não pedida pelo doente se preferirem. Essas pessoas doentes eram profissionais que têm nome, como têm nome os médicos que sujaram as mãos nisto tudo. Têm os próprios nomes de baptizado e os respectivos apelidos e mais aqueles que me passa pela cabeça chamar-lhes. Todos esses que estão a pensar. Esses mesmos, os piores. Os mesmos que chamo aos responsáveis que deixam impune ou mesmo instigam este estado de coisas, dizendo agora na propaganda que vão mudar coisas para que se não repita. Nomes de responsáveis? Esses mesmos que estão a pensar. Nomes que lhes estou a chamar? Esses mesmos que estão a pensar. Os piores.

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