quinta-feira, junho 14, 2007

Pessoas "relativamente feias"?

Margarida Moreira parece estar a ser influenciada pelo estilo Pinto da Costa: dá entrevistas aos jornais quando sente que a opinião pública está a virar . Só falta a TV. E eu pergunto: quem é esta senhora? Pinto da Costa, ao menos, sei quem é.
Serve tudo isto para reforçar os anticorpos que estou a ganhar em relação à FENPROF, que me parece agora relativamente muito feia, pois a dita pessoa foi, alguns anos, membro da direcção, a fazer fé no que dizem. Nem me parece haver incoerência, provavelmente a pessoa sempre foi autoritária revendo-se portanto, muito bem no estalinismo e tendo a democracia impedido o uso da menina dos 5 olhos, teria tido, agora e finalmente, a oportunidade de aplicar a arte. Possivelmente pretenderia calar em definitivo as pessoas . Mas parece ter metido água com esta última vítima que está bem ancorada. Espero que esta não se cale, já que das outras vítimas ninguém ouviu a voz.
Durante a semana manda fechar escolas e suspende profs. Porque não vai no fim de semana às manifestações contra o fecho de escolas e pela liberdade de expressão onde antes ia ou mobilizava para ir?
Pessoas assim , de coerência aparentemente nula e de carácter talvez relativamente duvidoso o que torna essas pessoas, a meu ver, relativamente feias, dá-me ideia de que haverá várias nas estruturas do ME e até nas escolinhas. Pessoas provavelmente cheias de frustrações derivadas do facto de, quiçá, sentirem que os profs dos ciclos mais adiantados não reconhecem o mesmo estatuto aos do 1º ciclo, pelo facto de talvez não serem amadas ou bem vindas nas escolas onde estão, por onde passaram em lide sindical ou de onde saíram, pelo facto de que talvez estivessem nos últimos lugares na lista do concurso nacional das colocações, cujos critérios parecem odiar e que finalmente desintegraram com esta talvez trafulhice chamada concurso para professor titular. Calculo que tenham tirado um dia para concorrerem, já que ninguém sabe o dia de amanhã.

Os termos em itálico estão a mostrar que ando a treinar o discurso adequado em democracia de maioria absoluta, com "dirigentes" que parecem muito azedos com muita coisa do passado pelo qual aparentam não querer responder e que tudo parece indicar, embora me possa enganar, estarem a projectar e transferir (na nomenclatura freudiana) nos e para os seus subordinados, esmagando-os e humilhando-os, sempre que podem, matando-lhes as perspectivas, a motivação e até, nalguns casos, matando-os civilmente, retirando-lhes o emprego e com ele todos os meios de recorrerem à justiça que, como sabemos não é gratuita.

Assim, nada de ofender , só colocar hipóteses, mera literatura, ninguém se pode ofender. Aconselhável a todos os funcionários públicos. Comecem a treinar, é relativamente fácil. Treinem com exemplos simples, como:- posso estar enganado(a) , mas parece-me que (a)o senhor(a) é uma pessoa que não diz a verdade ou -Posso não estar a ver bem mas quer-me parecer que não se pode confiar em nada do que diz.-Talvez seja erro grosseiro meu mas parece-me haver fortes indícios de que o(a) senhor(a) é incompetente. - Talvez haja erro de visão e muito mau gosto da minha parte mas o (a) senhor(a) afigura-se-me relativamente feio de carácter.
Mas nada de ofender a família, que normalmente não teve culpa nenhuma, se queremos referir-nos ao ADN, devemos dizer qualquer coisa como -tem a certeza que a senhora sua mãe é sua mãe natural ? Com o pai já não podemos dizer o mesmo pois estaremos a chamar nomes à mãe. Assim é, pois num país dominado por preconceitos árabes, temos sensibilidades extra a respeitar. Cuidado com as expressões do Norte e outros regionalismos, nem todos são Pintos das Costas, Valentins, Jardins ou outros (e outras) a dizer e fazer o que bem entendem quando e onde querem, como por exemplo mandar padres vereadores voltarem à sacristia...

E o país está a ficar cada vez mais relativamente feio.

1 comentário:

Anónimo disse...

«Em memória da professora Manuela Estanqueiro

16.06.2007 No PUBLICO

Foi há dias a enterrar, às três da tarde. Mais um crime da máquina administrativa que nos tortura.
A professora Manuela Estanqueiro sofreu de leucemia, tinha 63 anos, mais de 30 de serviço e dava aulas em Cacia, Aveiro. A Junta Médica da Caixa Geral de Aposentações não entendeu, ou não quis entender, a gravidade da situação desta docente. Por isso a obrigou a ir trabalhar em condições de extremo sofrimento: 31 dias de agonia, entre vómitos e desmaios em plena aula.
A merecida aposentação apenas lhe foi oficialmente concedida uma semana antes da sua morte, quando ela se encontrava já acamada no hospital. Quase podemos afirmar, portanto, que a professora Manuela Estanqueiro morreu a trabalhar. Foi assim mais uma vítima deste governo insensível, obstinado e cego. E da sua máquina administrativa injusta e cruel. O professor suspenso da Direcção Regional de Educação do Norte é, por outro lado, bem demonstrativo do clima de delação e medo que insidiosamente se vem instalando no país. Foram, entretanto, inadmissíveis as pressões sobre órgãos de comunicação social aquando das revelações sobre o obscuro processo da licenciatura do primeiro-ministro. E a recente actuação contra a Associação dos Professores de Matemática é bem exemplificativa desse insustentável ambiente claustrofóbico.
As sucessivas incompetências do Ministério da Educação (de que o povo nem se parece aperceber) mostram à sociedade que importa mudar rapidamente de governação, no que respeita ao sistema de ensino. Destaquemos alguns factos:
1. Os equívocos em que incorreram três exames no prazo de um ano e que tiveram de ser resolvidos com remedeios atamancados (em provas que deveriam ser anónimas, a carta no exame de Português de 9.º do ano transacto, que identificava os alunos; a prova de aferição deste ano de Português do 6.º; a prova de Química de 12.º do ano passado);
2. A trapalhada da ilegal 2.ª chamada de Química, no ano transacto, que o Ministério foi sucessivamente perdendo em tribunal, o que prejudicou alunos e pais e custou dinheiro aos contribuintes;
3. O caso do ensino do Inglês no 1.º ciclo, que os pais pagaram... quando havia vários professores dessa disciplina sem alunos, em muitas escolas, sedes de agrupamentos verticais;
4. O facto de se terem forçado professores de Francês a dar Português no concurso do ano passado (docentes que davam Português há mais de dez anos foram substituídos por colegas que haviam dado esta disciplina somente no estágio, também há mais de dez anos);
5. A separação forçada de famílias com filhos de tenra idade afastadas por centenas de quilómetros durante três anos;
6. O constrangimento de professores do ensino especial (1.º ciclo), com provas dadas, obrigados a interromper as funções de especialidade em escolas-sede, por forma a não perderem condições mais favoráveis de aposentação;
7. O aumento ilegal da carga horária dos professores do ensino não superior;
8. As famigeradas aulas de substituição, adoptadas das formas mais díspares e sem terem sido ainda avaliadas com isenção;
9. O fecho cego de escolas, aumentando ainda mais o isolamento do interior de Portugal;
10. O precipitado concurso (em maré de efectivação) de candidatura a professor titular, o qual ofende vários normativos, designadamente o princípio constitucional da igualdade, e foi sendo alterado durante o próprio processo (!), afrontando assim os mais elementares princípios do direito universal;
11. A falta de jeito no trato com os sindicatos de professores, tão gritante que os uniu pela primeira vez.
A verdade é que a ministra e a sua equipa são incompetentes, porque não conhecem, no terreno, a realidade do ensino não superior.
Afinal, o Governo e a ministra da Educação não querem melhorar o ensino: apenas se encontram numa desvairada cruzada de poupança, sem medir terríveis efeitos perversos, de que salientamos a desmotivação e o cansaço dos professores, a sua desautorização perante a comunidade educativa, a indisciplina e as ofensas a docentes, o exercício despudorado do arbitrário e da propaganda fácil, o impressionante desinvestimento em educação.
Sinal dos tempos ominosos que vivemos: a minha colega Manuela Estanqueiro foi a enterrar há dias, após inconcebível insensibilidade de quem detém o poder, neste país. Em sua memória, melhore-se, com seriedade, a política da educação.
J. Sousa Dias
Ourém »