domingo, abril 15, 2007

Estatuto do aluno-agora é que é...

Se falássemos claro, teríamos que dizer muitas coisas que nunca são ditas (à boa maneira católica portuguesa). Teríamos que admitir que os profs não estão para se maçar com participações, às vezes recobrindo isso com discursos pedagógicos mais ou menos coerentes. Por outro lado e sobretudo, admitir por escrito que se pôs um aluno fora da aula, que ele respondeu mal, é admitir que se falhou, na cabeça de muitos docentes, que querem ter a imagem de excelentes. Ter que ir a conselho disciplinar, onde os outros coleguinhas lhe farão a recepção do costume com as proposições simpáticas-"eu não tenho problemas", "comigo eles portam-se bem" e outras fórmulas semelhantes - representando uma dose de sacanice só igualável pela falsidade da informação e deixando o colega humilhado, com vontade de abandonar tudo, sentindo-se ele o acusado e não a vítima. Não que eu goste desta ideia de ser-se vítima, o professor não é vítima, é agente com autoridade, embora as circunstâncioas sociais e políticas não lhe permitam aplicá-la.
Enfim, isto para dizer que, na minha opinião, o aluno tem sempre que ter uma hipótese de defesa, por isso os prazos e as audições têm sempre que acontecer. O que está mal é o adiamento sucessivo do conselho disciplinar e a tibieza das medidas tomadas, ficando-se o crianço a rir com o feriado ou o serviço cívico que até é giro, para variar. Enfim -perder o ano não, nunca na vida, é mau para o abandono escolar- muitos acham isto, entretanto os alunos sabem disso e tomam conta da situação, do ensino obrigatório e dos CEFs. Uma alegria e viva a revolução cultural! Só falta os putos estabelecerem comités para a reeducação dos profs que se portam mal e os castigam por coisas pequenas como passarem papelinhos ou sms na aula...
Em suma, o mal não está no presente estatuto do aluno, a meu ver, está na tibieza, no mais ou menos, na falta de escolha clara por parte de quem dirige o ministério e as escolas, na falta de hierarquização de objectivos, na falta de uma política educativa consequente... E há muitos mais não ditos que são outros tantos obstáculos à resolução, no terreno, dos problemas de disciplina e não só...

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