sábado, março 24, 2007

Virtudes da democracia III

"The conception that government should be guided by majority opinion makes sense only if that opinion is independent of government. The ideal of democracy rests on the belief that the view which will direct government emerges from an independent and spontaneous process. It requires, therefore, the existence of a large sphere independent of majority control in which the opinions of the individuals are formed."

http://www.llywelyn.net/docs/quotes/hayek.html


Porquê Hayek quando me não é simpático o neoliberalismo? Simples, precisamente por isso, Hayek é insuspeito inimigo do crescimento excessivo do Estado que estes senhores "socialistas" dizem defender enquanto alegremente o liquidam, também porque na íntegra subscrevo esta frase, sou inimiga também dos colectivismos ditatoriais sejam eles resultado de um aparelho de Estado que se impôs pela força de um golpe de Estado ou pela imposição da opinião da "maioria"- maioria eleitoral ou simplesmente a opinião da populaça dita "classe média" da qual sai a chamada "opinião pública" que parece ser o sustento deste governo. Hayek opôs-se aos Estados comunistas mas também aos "Estados Novos" seus contemporâneos. A única coisa que me sossega um pouco neste governo que temos é a sua defesa intransigente do capitalismo, isto é, não existe o elemento anti-capitalista que existia no discurso de todos os fascismos.
Ufff que alívio.

Lendo Hayek e aplicando ao nosso cantinho ridículo (desculpem, ía dizer choldra torpe mas é muito forte) podemos verificar que a nossa "opinião pública" é muitíssimo espontânea, de cada vez que se anunciam medidas a espezinhar funcionários públicos e professores, a populaça exulta e aplaude, entre a chatice do emprego e o ter que aturar os putos em casa nas férias dos professores, entre a taça e o campeonato (ou entre o mundial e as europeias ou o raio que os parta) e a sondagem regista concomitante subida de popularidade do brilhante governo de José António, perdão*, José Sócrates.

Já a presença da última condição defendida por Hayek para assegurar a legitimidade do processo democrático não está nem um pouquinho confirmada.

*Nota: o lapso não se deve a mais nada, é só porque tanto um como outro ficaram conhecidos pelos dois primeiros nomes, o que se entende no primeiro já que havia que distingui-lo do pai, no segundo não se compreende, não se vislumbra uma razão pela qual não é ele José Sousa como toda a gente.

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