sexta-feira, março 30, 2007

O abrupto, mirins e ditadores

De vez em quando há que ir aos "grandes" blogs. Para estar por dentro dos acontecimentos na blogoesfera. O abrupto no seu melhor paternalismo: então há por aí na blogoesfera uns malandrões a atacar a Odete? E avança Pereira na sua defesa.
Pois é, está-se sempre a aprender. Tive que ir ao dicionário. Não, confesso, não sabia o que era "mirim". "Mirim" quer dizer pequeno. Fiquei esclarecida quanto ao significado e quanto à origem da palavra que vem da língua tupi dos índios do Brasil. É bom enriquecer a língua portuguesa, que todos sabemos ser muito pobre em adjectivos. Quanto a Odete, se ela é assim tão boa como diz o Abrupto , não ocorrerá a P. Pereira que não precisará de defesa? Não lhe ocorrerá que às vezes o paternalismo é a pior forma de machismo? Digo desde já que não me ocorreu criticá-la mas já que se fala nisso, não gosto nada da forma gingona com que fala, nem fiquei nada bem impressionada com a pastilha ou lá o que era que mascava ao mesmo tempo que falava na defesa do seu ídolo, Álvaro Cunhal, acho até que o próprio não aprovaria aquela forma de estar. Mas não vinha falar disto, mas de uma certa forma de estar na blogoesfera. De facto, também acho horrível o baixo nível e o insulto, mas a blogoesfera é, também, o lugar onde muitos portugueses escrevem livremente e se confrontam com a presença do outro, do outro que não se pode eliminar e isso é sempre bom. Se houver um concurso de correcção na língua portuguesa ou na imagem, ou noutro critério qualquer, então sim, haverá necessidade de um júri. Achei o tom de Pereira tão paternalista em relação aos seus conterrâneos criticadores da donzela, que me pareceu também mirim...
Pena ele não vir aqui ver o post da manhã seguinte ao concurso de misters da RTP , tenho a certeza de que não aprovaria e também me chamaria mirim. Devo dizer que foi a primeira vez que usei uma imagem de nível duvidoso, mas não me arrependo, foi proporcional à fúria e na minha busca de manguitos fiquei a saber que a escultura existe mesmo, tendo provocado reacções quando foi exposta nos states.
Aproveito para acrescentar que acho que a História, se entretanto não desaparecer enquanto ciência, julgará , dirá se este indivíduo ou aquele foi mirim ou não, explicará por que razão há uns mirins que se tornam importantes sociologica e historicamente numa determinada altura enquanto noutra seriam completamente ignorados. Mas quanto às consciências, eu acredito que só o criador as poderá julgar e apesar da minha fúria contra os ditadores deste mundo, não acho que eu os possa julgar depois de mortos, se escaparam aos tribunais dos homens- o de Nuremberga por exemplo, que deveria ter prolongado as suas actividades para julgar os apoiantes de Hitler entre os quais se conta o "prestigiado" financista Salazar, e já agora também, os crimes de Estaline- quem sou eu para julgar quem quer que seja, mesmo monstruoso, depois de morto? Sou demasiado mirim para o fazer, mas como acredito que há um dia e uma hora em que teremos todos de prestar contas, essa hora já soou para eles e o cajado já não me pertence, sai fora da minha esfera de competências. O julgamento dos homens pode fazer-se a título póstumo, claro, mas será sempre isso mesmo, o julgamento dos homens.
Pois é, alguns mirins acreditam em Deus.

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